10 de junho de 2018

1 Semana em Tempos Depois

Muitos dias se passaram depois do último post e algumas coisas aconteceram: Antonio ficou doente dias depois de chegarmos em casa da maternidade e, com isso, ficamos uma semana isoladas dele (eu e Lia num andar, Carlos e Antonio em outro), o que foi bem sofrido, pois tive que ficar muito tempo sozinha quando precisava de aconchego; depois, Lia teve icterícia e lá se foi mais uma semana de idas e vidas à clínica para exames de sangue e avaliação da bilirrubina, além dos banhos de sol às 7 e poucos por uma pequena quantidade de sol que vinha pela janela; então, veio uma conjuntivite e mais uma semana de tratamento com coloírio; em seguida, uma febre aleatoria, mas que resolveu com o clássico paracetamol; e ai veu o susto em que estamos no momento: bronquiolite.

Hoje, completa uma semana da saga em hospital, iniciada na emergência de um, seguida da ida pro CTI de outro, mas que saímos à revelia já que era impossível ficar com ela num lugar tão cheio (e tão ruim) e finalmente o último no qual estamos, onde iniciamos o processo pela emergência (novamente), fomos para um quarto de observação, depois fonos encaminhados à UTI, chegamos a ser “promovidos” para o quarto depois de 4 dias de internação, mas 4 horas depois estavamos de volta à UTI por causa de uma tosse contínua que até o momento está sendo tratada com uma espécie de coqueluche. Permanecemos aqui na UTI e meio que sem previsão de saída.

Num é uma grande saga? A bichinha chegou mesmo premiada nas “perebas”, rs. 

Agora, estou mais descontraída, fazendo piada da situação, mas ontem o dia foi bem pesado, especialmente para mim como mãe, já que foi decretado que ela passase a se alimentar por sonda, para eviatr o risco de broncoaspiração com o leite e ai complicar mais o quadro. Me senti um nada. Inútil. Impotente. Já havia sido proibida de amamenta-la durante as primeiras horas na primeira emergência, o que já estava me deixando absolutamente nervosa. Mas, ontem, não sei porquê me senti ainda pior, sem chão mesmo, como se houvesse um abismo enorme, um vazio tremendo. Me senti muito mal por não poder amamentar e me deu um medo enorme do meu leite ir embora e não voltar mais. Hoje, um pouco mais tranquila, ainda permaneço com o receio da diminuição do leite, porém acreditando em toda a sapiência da natureza e que assim que tudo voltar ao normal, o leite também voltar com a quantidade necessária para a demanda da minha pequena. Sabe aquilo de “certo por linhas tortas”?! Tipo isso. 

É muito dolorido para uma mãe ver um filho doente e, em especial, um bebezinho tão pequeno e indefeso com apenas 2 meses passando tanto perrengue em tão pouco tempo desde que iniciou a vida. Dói ver os procedimentos (que gradualmente a fazem curar e é desse jeito que tento encarar). Dói olhar nos olhos dela e perceber que ela está pedindo ajuda, sem entender o porquê de estar passando por tudo aquilo. Dói não poder fazer por ela aquilo que a gente sabe que é o mais precioso dever de mãe: amamentar. Dói ver um montão de fios ligando-a aos muitos aparelhos tecnológicos que, graças a Deus, um bom plano de saúde é capaz de prover. Dói. Simplesmente dói. Talvez mais em mim do que nela, porque na gente dói na alma.

Minha pequena fortaleza está se recuperando bem de pouco em pouco e, se Deus quiser, em breve estaremos em casa na nossa rotina de carinhos e beijinhos (e algumas reclamações também, afinal, ser mãe também é ter licença poética para amar e reclamar ao mesmo tempo, rs).

Passei por uma situação aqui na UTI (que não vem ao caso detalha-la) que me fez refletir muito sobre humildade e gratidão. Atualmente, existe uma “modinha” de “ser” grato (parecer, aparecer, transparecer), mas na real acho que poucas pessoas realmente são. Muitas vezes me pego esquecendo de tudo de mais incrível que Deus me deu nessa vida e de como é bom estar aqui e (con)viver com pessoas e lugares tão especiais. Esqueco de agradecer por ser uma pessoa tão abençoada e privilegiada em tantos aspectos. E quando em situações de dificuldade como essa de estar com minha filha internada, me pego pensando em inúmeras questões, especialmente, de que preciso ser grata em qualquer circunstância. 

Vi (e ainda vejo) aqui tantos casos tão complicados de saúde de crianças tão pequenas que acabo absorvendo um pouco a dor de outras mães e aí aquela história de sororidade aparece e me da vontade de abraçar cada uma dessas mães que estão aqui lutando diariamente contra suas próprias fraquezas e provando a si mesmas que não há nada que seja mais relevante nessa vida que o amor por um filho. Também tenho vontade de dizer que “vai ficar tudo bem” mesmo que seja difícil acreditar nisso em alguns momentos. Não sou uma pessoa religiosa, mas ter fé é uma ato de amor próprio e ter amor próprio é ser capaz de amar o outro com toda a intensidade que lhe caiba. E aí, quando esse “outro” é um filho seu, sai de baixo! 

Enfim, a gente percebe a força que tem quando nos pegamos mergulhados nas nossas maiores fraquezas, carregando uma cruz que duvidamos ser capaz de carregar, contudo tendo a consciência de que, no final das contas, somos capazes de mover montanhas. Ainda mais se for por nossos filhos.

Força!

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