19 de junho de 2015

Sobre Amamentação

Recentemente, a amamentação virou um assunto "polêmico" e delicado, uma vez que as opiniões divergem fervorosamente. Tenho uma opinião muito particular sobre o assunto, especialmente depois de me tornar uma lactante e, então, resolvi compartilha-la aqui. Mas antes de contar o que penso agora, vou começar com o que eu pensava antes de ser mãe.

Sempre achei a amamentação um ato de carinho, uma troca entre mãe e filho e isso não mudou. Porém antes achava um pouco estranho quando ouvia alguém dizendo que parou de amamentar antes do bebê completar 6 meses (tempo este que pretendia - e ainda pretendo - amamentar quando tivesse filho), fosse por qual motivo fosse, salvo nos casos da não existência de leite algum no seio. Achava que 6 meses era o mínimo (e máximo também) que uma mãe podia fazer por seu filho e questionava na minha mente (nunca verbalmente) sobre a decisão de algumas pessoas que falavam "parei de amamentar porque quis" ou "não tinha muito leite, então desisti"; não via cabimento na desistência. De fato, é muito fácil julgar quando a questão está no outro e não em você.

Assim que engravidei ouvi inúmeros relatos sobre amamentação e sobre as consequências positivas e negativas dela (pois além de tudo, ainda rola uma privação grande, uma vez que você deixa de comer muitas coisas que estava acostumada, já que quase tudo pode dar gases e dor ao bebê). Pessoas me diziam para esfregar bucha nos mamilos o quanto antes; diziam para tomar sol nos seios sempre que possível, diziam para passar cremes especiais no bico e, salvo por uma ou duas vezes que me antecipei com a pomada de lanolina, nada fiz, a não ser reclamar dos meus seios estarem inchados e doloridos, especialmente no início da gestação. Pessoas também diziam sobre como era dolorido no início, só que eu nunca dei tanta bola já que sempre achava tudo muito exagerado nos relatos que ouvia, além do que e me sentia preparada para o que desse e viesse (tipo, sabia que ia doer, mas eu aguentaria mesmo assim).

Então, Antonio nasceu e assim que fui para o quarto, uma enfermeira foi fazer a avaliação das mamas e verificar se já havia colostro nos meus seios (sim, já tinha) e a primeira coisa que ela disse foi: "Você tem bico no seio?". Ingenuamente respondi "Sim" e ela pediu para olhar e disse "Seu mamilo é plano". Sem entender se isso era bom ou ruim pensei "Ok, eu tenho bico, mas…" e perguntei "E isso significa o quê?" e então fiquei sabendo como sei possivelmente complicado fazer a pega na mamada. E foi.

A primeira semana de vida do Antonio foi o caos na amamentação. Na maternidade, a orientação era o mínimo de 15 minutos de amamentação, incluindo o pegar e largar o bico. Nos primeiros dias, eu basicamente contava esses 15 minutos e dizia que o pequeno estava satisfeito, pois começava a sentir a dor que tantos falaram e o cansaço de ser sugada e sentir todas as minhas forças indo embora através do bico do peito, o que me incentivava a mentir para mim mesma. Ao longo dos dias, eu senti o que era dor de verdade, somada ainda ao maldito "bico plano" e toda a dificuldade do Antonio conseguir se alimentar. Chorei. Muito. E cheguei a pensar em desistir, mas dizia a mim mesma que eu precisava fazer aquilo pelo meu filho, uma vez que eu tinha leite (diferente da minha mãe que não pode me amamentar por, entre outras razões, não ter leite suficiente) e que este estava empedrando no meu peito, não fazia sentido não tentar. Sofri de dor, de raiva, de angústia, de culpa. Algumas vezes, todos esses sentimentos juntos e uma vontade absoluta de desistir de tudo. Foi ai que eu entendi o porquê de tantas mulheres abdicarem da amamentação.

É muito, MUITO difícil. São inúmeras variáveis que te fazem não querer amamentar e muito poucas (mas essas muito fortes) que te fazem seguir em frente e não desistir. Comei a pensar (e entender) que na sociedade em que vivemos é mais fácil alegar um problema de saúde que justifique a não amamentação do que dar a cara a tapa e dizer a si mesma e ao mundo que você não o que fazer. Parece que nos tornamos menos mulher ao não amamentar, sabe qual é?! A pressão de todos (e eu quero dizer TODOS) os lados além de nos fazer sentir culpada por tudo e qualquer coisa, nos faz passar por cima de nós mesmas e seguir, mesmo que isso traga profundas consequências psicológicas, afinal " você não mais importa, o que importa é o bebê" ou quase isso. Enfim, continuo com a dor e a delícia de amamentar e aos poucos estou descobrindo que, como diziam, a parte ruim passa.

Na real, descobri que é muito mais comum do que eu imaginava a mulher produzir pouco leite e ter que dar complemento ao bebê - outro assunto SUPER controverso que comento minha experiência mais a frente. Na minha família mesmo, descobri que quase ninguém conseguiu amamentar e que eu sou uma das poucas exceções que teve leite desde o início (ou não desistiu, não sei dizer). No consultório pediátrico, muitas mães fazem uso do complemento e não se sentem menos mãe por causa disso, além do que tem seus filhos formados e saudáveis. Ainda bem que podemos contar com a evolução e a ciência.

Relato pessoal feito acima, vamos ao assunto que tem gerado discussões fervorosas nos meios de comunicação e a minha humilde opinião sobre ele: amamentar em público.

Antes mesmo de engravidar, já pensava que meu peito não precisava ser público só porque viraria mãe e, quando Antonio nasceu, permaneci com essa opinião. Não me custa nada ir a um lugar reservado ou me cobrir um pouco ao amamentar o meu filho na rua (quando não estou com uma mamadeira de fórmula pronta para dar). Posso sim ser mãe e não me expor. Acho exagerado, feio e até um pouco vulgar quando vejo uma mãe com um peito escancarado no meio de uma praça de alimentação lotada, independente do tamanho da criança, mas especialmente com crianças maiores que já andam, falam e comem no Mc Donald's. Não vejo necessidade da exposição, acho que um pouco de pudor não faz mal a ninguém. Claro que as pessoas não podem, nem devem, ser julgadas pelas suas escolhas. Não estou aqui a criticar ninguém, só não acho certo PRA MIM a super exposição na amamentação do meu filho. A exemplo, essa semana vi numa loja de departamento uma mulher com o seio de fora, carregando no colo e amamentando um menino que aparentava ter uns 4 ou 5 anos, enquanto andava e via os produtos. Que me desculpem os fervorosos, mas me senti quase ofendida ao me deparar com a cena. Foi bem desnecessário.

Enfim, outro tema controverso é a famosa fórmula ou leite em pó. Não era à favor ou contra ela antes de engravidar, afinal, fui um "bebê-leite-em-pó" e nem por isso sou menos ou mais alguma coisa hoje em dia. Mas admito que gostaria de ter tido leite o suficiente para amamentar o Antonio e não precisar dela. Então, voltando um pouquinho ao meu relato, na segunda semana de vida dele entramos com o Enfamil Premium 1 e todo o choro e desespero que ele apresentava diminuiu em 50% depois que começou a tomar a fórmula. Ou seja, o bichinho estava morrendo de fome e eu não sabia de nada. Achava que estava dando conta do recado fosse nos 15 minutos, fosse em 40 minutos ou 1 hora e meia de amamentação (como chegou a ser ao final da primeira semana) e que o choro era dor ou birra. Eu estava completamente enganada. Além do mais, o maldito "bico plano" também não ajudava e só depois que passei a utilizar um bico de silicone acoplado ao peito a vida passou a ser menos infernal. Moral da história: a ciência já evoluiu o suficiente para te ajudar a fazer o que for melhor para o seu filho, seja com seu leite, seja com um leite artificial. O importante é que a criança se alimente e não perca mais peso do que é esperado nos primeiros dias (como foi o caso do Antonio). Agora, com o (maravilhoso) passar do tempo, já não preciso mais utilizar o bico de sillicone, já produzo leite em quantidade razoável e continuamos utilizando a fórmula sem culpa. Meu garotão está crescendo saudável a cada dia. E lindo, claro! (Lá se vão 2 meses!)

Resumo da ópera: o certo e o errado da amamentação cabe a cada mãe decidir. Ser ou não ser capaz de amamentar não é da conta de ninguém, mas infelizmente todo mundo acha que tem o direito de dar palpite. Como e por quanto tempo (zero, 3, 6 meses ou os 1000 dias que estão fazendo campanha por ai) também cabe a cada mulher decidir o que é certo pra ela, afinal, o que é 'certo' muda tanto e tantas vezes que não precisamos de ninguém para nos confundir, já nos confundimos o bastante sozinhas.

É isso.


Beijos!

5 de junho de 2015

Um Dia de Cada Vez

A vida de um bebê é tão simples, quanto isso: um dia de cada vez. Falando assim parece óbvio, mas quando somos maiores, especialmente quando adultos, fazemos planos, pensamos nos dias futuros no curto, no médio e principalmente no longo prazo, coisa que o bebê não faz e que o papai e a mamãe também não conseguem fazer muito no início, pois tudo é imprevisível.

Nos últimos tempos, eu e o Carlos entendemos o seguinte: a cada 2 ou 3 dias temos 1 dia difícil do pequeno. Às vezes, mais dias, às vezes, menos dias. Mas é basicamente isso. Entendendo isso, penso que não é lá tão diferente de nós adultos, o que muda é que espassamos mais o tempo de bom e mal humor, pois a vida, apesar de corrida, passa bem mais lentamente pra nós. Acredito que a vida de um bebê passa proporcionalmente mais rápido, já que o desenvolvimento deles é muito mais acelerado que o nosso. Num faz sentido?

Sendo assim, seguimos a pequenos passos, como se cada dia fosse uma vida inteira. E cá entre nós, acho que isso desacelera a gente e faz com que passemos a dar mais valor às pequenas coisas do dia-a-dia.


Beijos!


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