27 de março de 2019

Para Lia: Feliz Aniversário

Minha querida filha,

hoje, você completa 1 aninho de vida. Um ano. E quanta coisa acontece em um ano, especialmente quando se é tão pequenininha. Parece que vivemos uma vida inteira em 365 dias. Aliás, acho que é um pouco por ai mesmo.

Tivemos alguns breves percalços ao longo desse primeiro ano, mas de longe (e tenho certeza que por muito anos) aqueles dias no hospital foram os mais longos, os mais intensos, os mais loucos, os mais "paralelos" por assim dizer. Acho que envelheci alguns anos ali e também tirei lições que com certeza levo para a vida toda.

Tivemos momentos incríveis juntas, cheios de descobertas, sorrisos e algumas lágrimas também (mas essas de emoção). Foram tantas coisas novas, tantas surpresas que (com o que passei a chamar de "mãezeimer") não sei nem se dou conta de lembrar de todas. Gostaria que meu "HD" fosse de melhor qualidade, rs. Mas, sim, lembro dos nossos passeios de balsa até o Hortifruti, das nossas idas ao shopping andar a esmo (e procurar promoções de coisinhas pra você e seu irmão), das pequenas caminhadas aqui perto de casa (e dos dias que tentei correr empurrando seu carrinho - oh dureza!), nas (poucas, mas boas) idas ao calçadão da praia. Quantas travessias até Pão de Açúcar-farmácia-Alô Bebê-Petz? Perdi a conta. Acho que virou nosso lugar favorito ou pelo menos o mais frequentado (já te chamam até pelo nome por lá). Fomos buscar seu irmão na escola em dias bem quentes, mas você nunca foi de reclamar, mesmo sendo bem calorentinha. Fomos ao tio Jorge fazer suas consultas mensais de carro ou de carrinho. Quantas vacinas, né? A partir de agora, elas diminuem um pouco, fique tranquila.

A maternidade nos surpreende um pouco mais a cada dia que passa e lhe digo: você me ensinou coisas que eu achava que já sabia, mas na real eu não fazia idéia. Ainda estamos aprendendo algumas coisas juntas, porém já me adianto e lhe agradeço por me tornar uma pessoa um pouquinho melhor (ou pelo menos eu venho tentando) para você, para o seu irmão, para o seu pai (aliás, que pai dedicado e maravilhoso você tem! Uma baita sorte, viu?). Quer saber um pouco do que aprendi contigo? Aprendi que uma mãe é capaz de se multiplicar por quantos filhos tiver, nunca diminui nem um tantinho de um para se doar ao outro. Aprendi que meu corpo é uma fortaleza e que, mesmo depois de ficar uma semana completa sem poder lhe amamentar, fui capaz de produzir leite outra vez e graças a você ainda temos (mesmo que pouco, atualmente) nosso momentinho de "mãe e filha", quando te coloco no peito e ainda lhe amamento (isso me enche de orgulho, mas admito que me bate uma certa melancolia quando penso que podia ter feito o mesmo pelo seu irmão, porém por desconhecimento ou desencorajamento, não o fiz com tanto afinco - me perdoe por isso, Antonio). Aprendi que ser mãe de menina tem sim seu lado "cor de rosa", mesmo que isso seja um baita clichê ou nem venha mais a fazer sentido quando você souber ler e entender esse texto (tomara que já tenhamos evoluído pelo menos um pouquinho nessa bobajada toda de azul e rosa e que cada um seja aquilo que quiser sem medo de ser feliz).

Te peço desculpas pela alimentação mediana que você tem, mas cá entre nós: você não é lá muito fácil de agradar, rs, e mamãe acaba tendo tão pouco tempo para criar pratos novos que ficamos muitas vezes no macarrão com carninha. E naquele pãozinho de queijo que você adora (e eu, e seu irmão, e seu pai também) (me perdoem os puristas, aqui é maternidade real, na real, do jeito que dá). Ok, vamos melhorar isso daqui pra frente, tá?!

Já te disse que você adora tomar banho com o seu pai?! Pois é: ADORA. A propósito, você adora água. E adora uma bola também, não pode ver uma. Adora um fio (qualquer tipo) e me parece ser bem detalhista, pois às vezes você vê coisas que nem eu mesma tinha percebido. Não liga muito para suas bonecas, mas gosta bastante das coisas do mercadinho do seu irmão. Ah! E tem adorado cada vez mais os seus irmão peludos Milton, Diana e Zé e sua "nova moda" é tirar o que tiver comendo da boca para dar para eles, rs. Aposto que eles adoram. Você assiste mais TV do que eu gostaria, te peço desculpas outra vez, mas é o jeito que dá para a mamãe conseguir fazer algumas coisinhas, enquanto você se distrai. Não é fácil cuidar de você, da casa e ainda fazer o meu trabalho tudo junto e misturado e ao mesmo tempo.

Sabia que você já está quase andando sozinha? Já se arriscou em pelo menos uns 5 passos sem nenhum apoio. Você está cada vez mais segura de si e, com isso, mamãe já perdeu as contas de quantos modos já montou o seu parquinho-cercadinho, para que você fique segura e confortável. Agora, você já começou a ficar mais solta pela casa, mas não podemos piscar nem um segundo, porque logo você vai engatinhando rápido em direção aos sapatos, rs. Subir no sofá? Já conseguiu sozinha. Próximo passo deve ser escalar o berço, mas eu realmente espero que isso demore um pouquinho mais (por favor).

Vou te contar: adoro te vestir bem bonequinha. Adoro prender parte do seu cabelinho (amo seu cabelo cheio de cachinhos bagunçados) e colocar um laço (by the way, não vejo a hora de chegar os novos que comprei! São enormes, você vai ver). Você fica muito lindinha de lacinho! Outra coisa que eu adoro é comprar coisinhas fofinhas e baratinhas para você e seu irmão; nem consigo mais olhar muito o setor de moda feminina, hoje em dia, pois já vou direto para o departamento infantil. E não sei se você sabe, mas lojas de brinquedos sempre foram o paraíso pra mim, mas você e seu irmão tornam esses lugares numa verdadeira "Disneylândia" (falando nisso, como você é apaixonada pelo Mickey! Fico até impressionada, sabia?). Não sei quem fica mais empolgado, rs. E confesso: estou acostumando vocês dois muito mal por conta disso, rs. Fazer o quê? A felicidade e o sorriso de vocês me faz muito bem, não consigo resistir.

Hoje, já cantamos um parabéns bem cedinho e, quando seu irmão chegar da escolinha vamos passear com vocês dois. À noite, vamos cantar parabéns de novo, só para seu irmão soprar sua velinha mais uma vez, coisa que ele adora (aliás, ele está super ansioso para a chegada do dia dele; pergunta quase todo dia se já é dia do aniversário, rs. Seu irmão é um carinha incrível e eu acho que você já percebeu isso).

Tenho tanta coisa para lhe dizer e tão pouco tempo para escrever aqui. Nesse momento, você está dormindo o seu segundo cochilo do dia (são dois, geralmente, um pela manhã 2 horas depois de acordar e um na hora do almoço, momentos estes que eu saio correndo para fazer 300 mil coisas pela casa ao mesmo tempo). Enfim, queria muito poder vir com maior frequência contar todas as peripécias do seu irmão e suas; admito que estou em falta.

Então, queria desejar que toda a alegria do mundo se instaure em sua vida agora e sempre e que você nunca perca o sorriso dos seus olhos brilhantes e essa simpatia que lhe cai muito bem. A mamãe te ama demais.

Feliz Aniversário!

10 de junho de 2018

1 Semana em Tempos Depois

Muitos dias se passaram depois do último post e algumas coisas aconteceram: Antonio ficou doente dias depois de chegarmos em casa da maternidade e, com isso, ficamos uma semana isoladas dele (eu e Lia num andar, Carlos e Antonio em outro), o que foi bem sofrido, pois tive que ficar muito tempo sozinha quando precisava de aconchego; depois, Lia teve icterícia e lá se foi mais uma semana de idas e vidas à clínica para exames de sangue e avaliação da bilirrubina, além dos banhos de sol às 7 e poucos por uma pequena quantidade de sol que vinha pela janela; então, veio uma conjuntivite e mais uma semana de tratamento com coloírio; em seguida, uma febre aleatoria, mas que resolveu com o clássico paracetamol; e ai veu o susto em que estamos no momento: bronquiolite.

Hoje, completa uma semana da saga em hospital, iniciada na emergência de um, seguida da ida pro CTI de outro, mas que saímos à revelia já que era impossível ficar com ela num lugar tão cheio (e tão ruim) e finalmente o último no qual estamos, onde iniciamos o processo pela emergência (novamente), fomos para um quarto de observação, depois fonos encaminhados à UTI, chegamos a ser “promovidos” para o quarto depois de 4 dias de internação, mas 4 horas depois estavamos de volta à UTI por causa de uma tosse contínua que até o momento está sendo tratada com uma espécie de coqueluche. Permanecemos aqui na UTI e meio que sem previsão de saída.

Num é uma grande saga? A bichinha chegou mesmo premiada nas “perebas”, rs. 

Agora, estou mais descontraída, fazendo piada da situação, mas ontem o dia foi bem pesado, especialmente para mim como mãe, já que foi decretado que ela passase a se alimentar por sonda, para eviatr o risco de broncoaspiração com o leite e ai complicar mais o quadro. Me senti um nada. Inútil. Impotente. Já havia sido proibida de amamenta-la durante as primeiras horas na primeira emergência, o que já estava me deixando absolutamente nervosa. Mas, ontem, não sei porquê me senti ainda pior, sem chão mesmo, como se houvesse um abismo enorme, um vazio tremendo. Me senti muito mal por não poder amamentar e me deu um medo enorme do meu leite ir embora e não voltar mais. Hoje, um pouco mais tranquila, ainda permaneço com o receio da diminuição do leite, porém acreditando em toda a sapiência da natureza e que assim que tudo voltar ao normal, o leite também voltar com a quantidade necessária para a demanda da minha pequena. Sabe aquilo de “certo por linhas tortas”?! Tipo isso. 

É muito dolorido para uma mãe ver um filho doente e, em especial, um bebezinho tão pequeno e indefeso com apenas 2 meses passando tanto perrengue em tão pouco tempo desde que iniciou a vida. Dói ver os procedimentos (que gradualmente a fazem curar e é desse jeito que tento encarar). Dói olhar nos olhos dela e perceber que ela está pedindo ajuda, sem entender o porquê de estar passando por tudo aquilo. Dói não poder fazer por ela aquilo que a gente sabe que é o mais precioso dever de mãe: amamentar. Dói ver um montão de fios ligando-a aos muitos aparelhos tecnológicos que, graças a Deus, um bom plano de saúde é capaz de prover. Dói. Simplesmente dói. Talvez mais em mim do que nela, porque na gente dói na alma.

Minha pequena fortaleza está se recuperando bem de pouco em pouco e, se Deus quiser, em breve estaremos em casa na nossa rotina de carinhos e beijinhos (e algumas reclamações também, afinal, ser mãe também é ter licença poética para amar e reclamar ao mesmo tempo, rs).

Passei por uma situação aqui na UTI (que não vem ao caso detalha-la) que me fez refletir muito sobre humildade e gratidão. Atualmente, existe uma “modinha” de “ser” grato (parecer, aparecer, transparecer), mas na real acho que poucas pessoas realmente são. Muitas vezes me pego esquecendo de tudo de mais incrível que Deus me deu nessa vida e de como é bom estar aqui e (con)viver com pessoas e lugares tão especiais. Esqueco de agradecer por ser uma pessoa tão abençoada e privilegiada em tantos aspectos. E quando em situações de dificuldade como essa de estar com minha filha internada, me pego pensando em inúmeras questões, especialmente, de que preciso ser grata em qualquer circunstância. 

Vi (e ainda vejo) aqui tantos casos tão complicados de saúde de crianças tão pequenas que acabo absorvendo um pouco a dor de outras mães e aí aquela história de sororidade aparece e me da vontade de abraçar cada uma dessas mães que estão aqui lutando diariamente contra suas próprias fraquezas e provando a si mesmas que não há nada que seja mais relevante nessa vida que o amor por um filho. Também tenho vontade de dizer que “vai ficar tudo bem” mesmo que seja difícil acreditar nisso em alguns momentos. Não sou uma pessoa religiosa, mas ter fé é uma ato de amor próprio e ter amor próprio é ser capaz de amar o outro com toda a intensidade que lhe caiba. E aí, quando esse “outro” é um filho seu, sai de baixo! 

Enfim, a gente percebe a força que tem quando nos pegamos mergulhados nas nossas maiores fraquezas, carregando uma cruz que duvidamos ser capaz de carregar, contudo tendo a consciência de que, no final das contas, somos capazes de mover montanhas. Ainda mais se for por nossos filhos.

Força!

30 de março de 2018

Dia 3

Vida de pai e mãe não é lá um mar de rosas, mas vou falar pra você que agora a maré aqui inverteu e estamos passando por uma pequena tsunami: Antonio apareceu com um princípio de pneumonia. Acredite: pneumonia. Febre, tosse, oxigenação baixa e voilà! Ela mesma. Assim, estamos eu e Lia tendo que ficar no segundo andar e Carlos e Antonio no primeiro e pela primeira vez o fato de ter cômodos em andares diferentes foi mais útil do que um pé no saco (o quartinho deles fica embaixo e o nosso em cima e isso é bem ruim no dia-a-dia, especialmente por Antonio ter bronquite e suas crises). 

Resumindo muito a ópera: estou me sentindo mal por não poder fazer nada pelo Antonio e ajudar o Carlos na hora do “pega-pá-capá” e ainda tem o fato da gente não poder ficar junto nos primeiros dias de vida como uma nova família de 4 humanos e 3 cachorros. Carlos também está nitidamente incomodado de não poder fazer nada pela Lia ou por mim. Então, só espero que os próximos dias venham com mais leveza para os meus pequenos, especialmente com a recuperação rápida do Antonio. 

Por hoje é isso.
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