Voltando à Realidade

Vamos combinar? Não é fácil. Vou explicar: você fica mais de um ano organizando o grande evento da sua vida, vendo cada detalhe com todo o carinho e dedicação do mundo. Você fica uns 6 meses montando a sua Lua de Mel e merecidas férias. O grande dia chega, você casa e quando você finalmente consegue parar para curtir a festa, você se dá conta que está no café da manhã do dia seguinte e as 5 horas mais caras da sua vida se foram como 5 minutos. Você pega um avião (3, na verdade) e vai para o destino dos seus sonhos e fica 1 mês viajando pelo lugar que você mais ama e tudo o que você mais queria era morar ali para sempre. Passam-se 30 dias e você volta. É...(pausa dramática) volta... e ai começa o post de hoje.

Primeiro, chegar no Rio de Janeiro pelo Aeroporto Tom Jobim não é das melhores visões. Até comentei isso com o meu marido " Imagina: um gringo chega no Rio imaginando ver o paraíso e vê a Linha Vermelha (!), a Linha Amarela (!!), às vezes a Avenida Brasil (!!!), favela para tudo o que é lado (!!!!) e logo pensa 'onde é que eu estou? Vou morrer!' , concorda?" Ele concordou na hora. Além da 'paisagem' da chegada, ainda tivemos o prazer inenarrável de chegar às 17h de uma sexta-feira. Meus conterrâneos sabem do que estou falando e em uma palavra eu resumo tudo: engarrafamento. (Isso porque resolvi pular a parte de conseguir um taxi honesto e seguro no aeroporto, já que alugamos um carro de volta para casa para não correr o risco nem ficar algumas horas esperando - e ainda querem fazer Copa do Mundo e Olimpíadas aqui... Aff...)

Segundo, você se depara com a falta de educação do povo brasileiro e o 'jeitinho carioca' em especial, o qual todo mundo acha que consegue se dar bem em todas as situações. Isso é realmente irritante. Ver toda a evolução e a civilização do povo italiano me faz sentir vergonha da gente (sim, a palavra 'vergonha' pesa mesmo, mas é para pesar e é com pesar que escrevo isso), mas enfim... a desculpa é que 'somos um país jovem ainda'. NOT! Somos mal-educados e pouco civilizados mesmo.

Terceiro (e com menos magoa no coração, rs), você volta ao dia-a-dia de cuidar da casa, voltar ao trabalho, pegar trânsito, se aborrecer com as mesmas coisas e todo aquele conto de fadas de princesa (ser noiva - e centro das atenções - , viajar, conhecer coisas novas, pessoas novas, mundo civilizado) vai ralo abaixo.

Infelizmente, a gente se acostuma (e mal) em viver no mundo paralelo da organização de um casamento e, mais ainda, se acostuma com todos aqueles sentimentos maravilhosos do grande dia e da Lua de Mel. A gente tem vontade de viver assim para sempre, porque traz um sentimento de realização e felicidade que realmente só passando por isso para entender. Voltar ao cotidiano parece não fazer sentido depois de tanta coisa legal que acontece na vida da gente (leia-se 'a gente' como 'o casal', pois o meu marido divide os mesmos questionamentos e insatisfações que eu).

Como disse no post sobre as férias, viajar abre a cabeça da gente, faz a gente querer mais das coisas boas e, pricipalmente, torna a gente inconformado com o fato de permanecer na mesma posição, fazendo as mesmas coisas - que, no meu caso, não dão tanta satisfação assim. Rs. O bom de tudo isso é que com a bandeira do incoformirmo em punhos começo a mudar os rumos da minha vida. E, diga-se de passagem, não há momento melhor que esse já que estou 'mudada' até de nome (e nos cabelos!). Rs.

Gracie mille, Italia! A culpa é toda sua, sua linda. Rs.


Beijos carinhosos, tá? Não estou revoltada, não, só mudada.